MARACANÃ
30/3/2013
MARACANÃ

A PRIMEIRA VEZ A GENTE NÃO ESQUECE

Em 1973 iria acontecer a despedida do craque Garrincha da Seleção Brasileira de Futebol, no Maracanã, num jogo entre a seleção de 70 (com o Pelé) e uma seleção de jogadores estrangeiros que atuavam no Brasil.

Um jogaço.

Na preliminar haveria um jogo de artistas: Cantores X Atores.

Uma "pelada".

Foi uma expectativa incrivel. Eu nem acreditei quando fui convidado.

Era o meu sonho e creio que o de todos: Jogar no "Maraca".

Que emoção!

No dia, ao entrar em campo, todo mundo tremia.

O Maracanã não é apenas grande. É imenso. O campo parece uma enorme mesa redonda e a gente se sente exposto em cima dela como se estivesse nu e todo mundo olhando.

Na hora do jogo começar - os times formados em campo, eu olhei para o gol do time adversário e pensei que nós nunca faríamos a bola chegar lá, tão grande era a distância.

A grama alta dificultava os movimentos e não era difícil a gente ver alguém tropeçando e caindo.
Acontecia toda hora.

Eu sempre achei que quem está lá dentro jogando não ouve nada da arquibancada.

Engano.

Ouve tudo, nitidamente e ampliado.

Quem joga pelas laterais do campo ouve, claramente, aquelas “palavras“ que os torcedores costumam dizer..

Aos dez minutos de jogo o Paulinho da Viola passou por mim e disse: "Meu irmão, ainda não coneguii pegar na bola!"
Eu respondi: "Eu nem sei onde ela está, Paulinho!"

É que pra facilitar o escoamento da água, o gramado é mais alto no centro do que nas bordas, por isso a gente não vê direito a bola rasteira, se ela estiver no outro lado do campo.

Os jogadores, a gente só vê da canela pra cima.

Deve ser difícil para os Treinadores observarem o jogo da beira do campo

Voltando à nossa "pelada":

Escanteio a nosso favor.
Ninguém queria bater.
Chega um corajoso (não lembro quem ): "Deixa que eu bato".
Bateu. A bola não chegou nem na pequena área.

A torcida gargalhava.

De repente a bola se oferece pra mim na risca da grande área. É chance de gol.

Bato na bola com toda a força.

Ela quase não chega no goleiro.

Mais gargalhadas.

E foi assim até o final.


De uma outra vez, numa decisão entre o Fluminense e o América,
o Dr Horta ( Presidente do Fluminense ) organizou um time de artistas tricolores pra jogar, na preliminar, contra uma seleção - também de artistas - com a camisa do América.

Ficou desigual.

Com 20 minutos de jogo já estava 8 x 1 pra eles.

Quando fizeram o 9º gol, o alto falante do estádio anunciou: "Comunicamos ao time com a camisa do América que o placar só vai até 10".

Foi uma gozação geral. Uma humilhação sem tamanho.

O jogo acabou em 11x2 pro time com a camisa do América.

Um vexame inesquecível.


Mas nem sempre foi assim.

Jogamos outras vezes no Maracanã e as lembranças, quase sempre, são boas e divertidas.

Mas, a primeira vez a gente nunca esqueceu.

ARTISTAS TRICOLORES
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